DONI # 48 – 23 a 29 de março de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 118 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
Em março, o Estadão foi o jornal mais negativo, com IV[2] – 1,01, seguido pelo Globo, com – 0,87, e a Folha, com IV de – 0,60. O IV agregado da semana da cobertura do Governo foi de – 0,82.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal
Analisamos os principais temas da cobertura dos dois principais personagens políticos: Governo Federal e o presidente Lula. Como mostra o gráfico, essa semana, mais uma vez, a cobertura do petista foi mais negativa do que a do governo.
O destaque da semana é a eleição venezuelana. Os jornais repercutiram a preocupação do governo e de Lula com a lisura do pleito no país vizinho, e a mudança no posicionamento brasileiro sobre o tema. A nota do Itamaraty sobre a Venezuela foi elogiada por diversos veículos. Mas, mesmo assim, na avaliação da imprensa, Lula só teria deixado de apoiar o governo autoritário de Nicolás Maduro porque a queda na popularidade o obrigou a abrir mão desse aliado histórico, e não porque de fato ele condena as ações do governo venezuelano.
O segundo foco é a discussão do Orçamento do Executivo. Os jornais apresentam críticas à insistência do governo em evitar o debate sobre o corte de gastos. Para sustentar o argumento, apresentam resultados de pesquisas que indicam a importância da contenção das despesas públicas. Além disso, os veículos destacam a agenda da reforma do orçamento que, segundo eles, o governo precisa fazer avançar no Congresso Nacional.
O terceiro tema é a discussão sobre o aniversário de 60 anos do Golpe Militar. Os jornais criticam o presidente e seu posicionamento de “apagar” a memória desse evento histórico, pois isso desgastaria o petista com sua base e debilitaria o debate público.
Por último, outro tema muito discutido foi a popularidade de Lula. Os jornais avaliaram que a performance da figura do presidente nas últimas pesquisas é um reflexo de seus discursos, e não a repercussão do posicionamento da imprensa sobre o governo. As publicações também insinuaram que a queda na popularidade do mandatário brasileiro acompanha um movimento global.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a mídia continuou a criticar o Governo Federal. O destaque ficou com os oito editoriais desfavoráveis do Estadão, uma média de mais de um por dia.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Até o momento, em março, o Estadão ocupa a liderança no IV de –2,61, superando O Globo que agora apresenta IV de –2,08, e a Folha, com IV de –1,1. O IV agregado do mês é de –1,73.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
A cobertura de Lula nesta semana apresenta alguns textos favoráveis. Dentre as publicações positivas cabe destacar que duas são de agentes do governo: um artigo do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no Globo, e outro do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no Estadão. Ou seja, se por um lado esses dois jornais abriram espaço para os argumentos do governo, por outro, tais argumentos são marcados como posição do governo e não como opinião de colunistas, articulistas convidados ou mesmo editorialistas do jornal. Por outro lado, o sentido geral dos posicionamentos desses redatores é francamente contrário ao Governo, como mostra o gráfico acima.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.