DONI # 51 – 13 a 19 de abril de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula, ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 130 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
Em abril, o Globo é o jornal mais crítico, com IV[2] –1,26, seguido pelo Estadão, com IV de –1,14, e a Folha, com –0,92. O IV da cobertura total de abril é de –0,8.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal
O destaque da semana foi a crise na relação entre Executivo e Legislativo. A animosidade entre Arthur Lira, presidente da Câmara, e Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, continuou a ter desdobramentos políticos nos últimos dias. O atrito agora é explorado como uma possível motivação para recuos do Centrão em acordos para votações com o governo e retaliações por parte Lira.
As publicações destacam os possíveis prejuízos para os arranjos montados por Fernando Haddad para garantir o sucesso das pautas econômicas. Além disso, abordam que o governo demorou a responder aos problemas de articulação e que agora o momento é de levantar a bandeira branca para minimizar os danos à agenda do governo.
O segundo tema discutido é a meta fiscal. A alteração no arcabouço fiscal foi muito criticada pelos jornais que afirmaram que a estratégia do governo para equilibrar as contas com aumento da arrecadação se esgotou. As publicações manifestaram-se contrárias à revisão da meta de resultado primário, afirmando que a decisão provocará aumento na desconfiança do mercado quanto à responsabilidade fiscal do governo.
Finalmente, o terceiro assunto foi o próprio Governo Federal. Os jornais exploraram discordâncias entre Planalto e grupos de aliados históricos, como professores universitários e o MST. O descumprimento de promessas de campanha é citado como motivo para a queda da popularidade do governo.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Esta semana, os grandes jornais foram extremamente negativos em relação ao Governo Federal. O destaque ficou com os editoriais, com cada jornal em média publicando um editorial desfavorável ao governo por dia. O Globo também caprichou nas chamadas negativas, o que denota um esforço extra dos editores de dar espaço para críticas ao governo.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Observando os dados de abril, o Estadão aparece como o jornal líder no Índice, com um IV de – 1,91, seguido pelo Globo com -1,71 e a Folha com IV de -1,11. Até o momento, o IV total médio é de – 1,48.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
A cobertura em torno de Lula continua sendo menor em comparação àquela dedicada ao Governo Federal. A carga de editoriais desfavoráveis a Lula foi forte, com o Estadão chegando à média de 1,5 por dia. Os colunistas também mostraram forte disposição em criticar Lula em seus artigos. Por fim, temos o destaque das chamadas negativas em O Globo, seguindo a tendência da cobertura que o jornal deu ao Governo Federal. Mas um sinal da disposição dos editores do jornal de chamarem a atenção dos leitores para textos críticos ao presidente.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.