DONI # 56 – 18 a 24 de maio de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula, ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 90 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
Em maio, o Estadão continua sendo o jornal com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo, com IV[1] de – 1,5, seguido pela Folha, com – 0,90, e Globo, com IV de – 0,51. O IV total da cobertura total de maio é – 0,91.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque da semana continua sendo o desastre no Rio Grande do Sul. As publicações priorizaram três aspectos da tragédia, dois deles presentes na semana passada. O primeiro foi a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do RS e a nomeação de Paulo Pimenta para o comando da pasta. A criação da secretaria continuou a ser elogiada, enquanto a decisão de nomear Pimenta segue como alvo de críticas. Esta semana, contudo, os jornais apresentaram o posicionamento de Eduardo Leite sobre o caso, dirigindo elogios à secretaria e a Pimenta, porém pontuando que o protagonismo nas ações deve ser do governo estadual.
Outro aspecto, já citado na semana passada, foi a discussão sobre polarização política da calamidade no RS, com críticas à nomeação de Pimenta.
Por fim, o terceiro ponto foi o debate sobre a importância da educação na reconstrução do estado. Os jornais pontuaram que será essencial que o Governo Federal apoie as universidades gaúchas e o governo estadual, e prepare um plano para as escolas, evitando maiores prejuízos às crianças e aos adolescentes.
O segundo tema discutido foi a política fiscal. Os jornais criticaram Lula por desautorizar a ministra Simone Tebet (Planejamento) e Fernando Haddad (Fazenda). Além disso, as publicações defenderam a proposta de desvincular políticas de reajuste de benefício, como o previdenciário, do salário-mínimo, que é rechaçada pelo presidente. Os artigos aproveitam para criticar as decisões do governo e pontuar o posicionamento do mercado: apoio a Haddad, e críticas a Lula e ao PT.
Finalmente, o terceiro assunto foi a Petrobras. Os periódicos se opuseram ao posicionamento do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) de que a presidência da empresa deve se subordinar aos interesses nacionais e, principalmente, à agenda do presidente da República.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a imprensa manteve um tom crítico ao Governo Federal, com quatro dos cinco tipos de texto negativos. O Globo continuou o menos desfavorável, priorizando os conteúdos contrários nas chamadas de capa do jornal. Já a Folha reserva as chamadas e as colunas para as abordagens negativas. Finalmente, o Estadão concentra nos editoriais os textos negativos. Os nove editoriais do Estadão desta semana mostram a disposição do jornal de atacar o governo.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
O mês de maio continua a apresentar um comportamento destoante do Estadão, que mantém postura de ataque sistemático a Lula, representado aqui por um IV de – 2,95. A Folha preserva o padrão do mês passado, com um IV de – 1,21, enquanto o IV de O Globo alcança – 1,00. O IV total do mês até o momento é de – 1,55.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
O Estadão continua em sua posição de principal polo de oposição a Lula na imprensa, dedicando ao presidente uma cobertura amplamente negativa, com destaque para onze editoriais – média de quase dois por dia –, e quatro chamadas negativas. Na Folha, as menções críticas foram observadas nas chamadas de capa, colunas e editoriais. Já o Globo concentrou suas chamadas, colunas e artigos de opinião contra Lula. Tanto Folha quanto Globo não apresentaram manchetes contrárias ao presidente.
Semana passada, a imprensa havia dado espaço a figuras da direita tradicional para promover os ataques ao Governo Federal e a Lula, esta semana as próprias publicações se encarregaram de produzir o discurso negativo. O cenário demonstra que, com seu posicionamento, a imprensa não deixou margem para quase nenhum pluralismo de opiniões em suas páginas, com ainda menos espaço para textos que tratam as ações do governo e do presidente de uma perspectiva favorável. No mundo de opiniões produzido pelos jornais, o Governo não tem lugar de fala.
Para baixar o nosso relatório, clique aqui.
DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Produção:
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.