DONI # 57 – 25 a 31 de maio de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula, ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 105 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
Em maio, o Estadão foi o jornal com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo, com IV[1] de – 1,69, seguido pela Folha, com – 0,88, e Globo, com IV de – 0,69. O IV total da cobertura total de maio é – 1,03.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque da semana foi a relação entre Executivo e Legislativo. As publicações priorizaram as derrotas do governo. Apesar de destacarem que governo e Congresso estão alinhados nas questões econômicas, o descompasso nas pautas de costumes e a falta de articulação dos governistas são apontadas como problemas a serem superados, para o Executivo conseguir avançar com os seus projetos na Câmara e no Senado.
O segundo tema foi a discussão sobre a condução das Relações Exteriores. Os textos priorizam o acordo entre Brasil e China. As ações de cooperação são descritas como um projeto estratégico para o governo Lula, todavia os jornais criticam a aproximação do Brasil com países de governos autoritários, como a Rússia. Para fortalecer o argumento, reproduzem as críticas do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Finalmente, o terceiro assunto foi novamente a Petrobras. Os jornais repetiram o tom negativo nos textos, contrários à suposta tentativa do governo e de Lula de usar a estatal como instrumento político. A exploração da Foz do Amazonas, apoiada pela presidente da empresa, Magda Chambriard, foi abordada de forma negativa, e apontada como uma reprodução do posicionamento do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a imprensa manteve um tom crítico ao Governo Federal, com textos negativos em quase todas as seções analisadas. O Globo continuou priorizando as abordagens desfavoráveis nas chamadas de capa. Já a Folha reserva as chamadas e as colunas para os textos contrários. Finalmente, o Estadão compartilha entre editoriais e as chamadas as publicações negativas. Os oito editoriais desfavoráveis e as oito chamadas contrárias do Estadão desta semana demonstram a disposição do jornal de retratar o governo de forma bastante desfavorável.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
O mês de maio termina com um comportamento destoante do Estadão, que mantém uma postura de ataque sistemático a Lula, representado aqui por um IV de – 3,27. A Folha também apresentou um IV mais negativo, em comparação com o mês passado, com – 1,49, enquanto o IV de O Globo alcança – 1,33, valor menor do que o do mês de abril. O IV total de maio foi – 1,84, o segundo IV mais negativo desde o início do governo Lula 3.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
O Estadão continua na posição de principal polo de oposição a Lula, dedicando ao presidente uma cobertura amplamente negativa, com destaque para nove editoriais contrários ao petista. Na Folha e no Globo, os destaques desfavoráveis foram as chamadas de capa, colunas e editoriais.
Em resumo, os jornais esta semana continuaram a se posicionar criticamente em relação aos personagens analisados. Além disso, as publicações acusaram o governo brasileiro de se aproximar da Rússia, a partir de um acordo firmado com a China, e reforçaram as críticas ao uso político da Petrobras por parte do governo Lula. O posicionamento dos jornais, novamente, demonstrou quase nenhum pluralismo de opiniões em suas páginas.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Produção:
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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.