DONI # 58 – 01 a 07 de Junho de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula, ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 108 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
m junho, o Globo superou seus concorrentes e foi o jornal com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo, com IV[2] de – 1,94, seguido pelo Estadão, com – 1,76, e a Folha, com IV de – 1,69. O IV acumulado do mês de junho é – 1,78. O mês está se encaminhando para ser o segundo mais negativo da cobertura da imprensa sobre o governo.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque da semana foi a relação entre Executivo e Legislativo. As publicações priorizaram os problemas de articulação do governo, destacando as novas estratégias e uma suposta falta de adaptação de Lula ao novo equilíbrio de forças. Os textos pontuam que o governo priorizará a agenda econômica para não entrar em conflito com um parlamento conservador.
O segundo tema foi a discussão sobre o próprio Governo Federal. Os textos elegeram Lula como culpado e responsável pelos problemas do governo. A falta de ação do mandatário estaria atrapalhando a atuação de figuras consideradas importantes pelos jornais, como Simone Tebet (Planejamento) e o vice-presidente Geraldo Alckmin, prejudicando as aspirações de Lula para a eleição de 2026.
Finalmente, o terceiro assunto foi novamente a discussão sobre o E-commerce. Os jornais repetiram que a taxação não resolve o problema do acesso ao mercado brasileiro e o sistema tributário. Os jornais também pontuam que o acordo entre Arthur Lira (PP-AL) e Lula foi a saída para reduzir a impopularidade da medida.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a imprensa manteve um tom crítico ao Governo Federal, com textos negativos em quase todas as seções analisadas. O Globo e a Folha continuaram priorizando as abordagens desfavoráveis nas chamadas de capa, colunas e editoriais. Já o Estadão continua com uma produção abundante de editoriais negativos, essa semana acompanhado por um número significativo de colunas e artigos de opinião da mesma natureza. Os sete editoriais desfavoráveis do Estadão de um lado, e as sete chamadas negativas e as seis colunas contrárias da Folha, desta semana, demonstram a disposição oposicionista dos jornais paulistas.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
O mês de junho se inicia com O Globo como o jornal com o IV mais negativo da cobertura de Lula, com IV de – 2,67. O Estadão vem em segundo com um IV de – 1,87, enquanto o IV da Folha foi – 1,8. O IV total de junho até o momento é – 1,95. Junho está se encaminhando para ser o segundo mês mais negativo da cobertura do terceiro mandato de Lula.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Ainda que o IV de o Globo tenha sido superior ao de seus pares, o gráfico acima mostra que o Estadão continua fazendo a oposição mais ferrenha a Lula, dedicando-lhe uma cobertura amplamente negativa, com destaque para sete editoriais contrários e cinco colunas desfavoráveis ao petista.
Numericamente a Folha superou os outros diários no quesito textos contrários a Lula, com uma carga pesada de editoriais, 6, e um igual número de colunas de mesma natureza, o que mostra a disposição do jornal de contratar colunistas que assumam as mesmas posições dos editores. No Globo, os destaques desfavoráveis também foram as colunas e editoriais, mas a cobertura de Lula essa semana foi menos intensa.
Em resumo, os jornais esta semana continuaram dar mostras de alta politização, privilegiando a publicação de textos com opiniões similares àquelas esposadas por seus editorialistas e proprietários. A fraca presença de ambivalentes nos textos de opinião mostra sua falta de disposição para levar em conta argumentos que divirjam de sua militância oposicionista. Tampouco os jornais divergem muito entre si, pois elegem sempre os mesmos itens da agenda e se posicionam todos de maneira muito similar. Mais uma semana em que falta pluralismo interno[4] e externo[5] da grande imprensa brasileira.
[4] O pluralismo interno é quando meio de comunicação se esforça para apresentar a seu leitorado as diversas opiniões em debate.
[5] O pluralismo externo é quando diferentes meios de comunicação expressam os diferentes pontos de vista em debate, em um determinado ecossistema midiático.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.