DONI # 59 – 08 a 14 de Junho de 2024
No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 119 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
Em junho, o Globo superou seus concorrentes e foi o jornal com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo, com IV[2] de – 1,94, seguido pelo Estadão, com – 1,76, e a Folha, com IV de – 1,69. O IV acumulado do mês de junho é – 1,78. O mês está se encaminhando para ser o segundo mais negativo da cobertura da imprensa sobre o governo.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque da semana foi o próprio Governo Federal. Os jornais classificaram as medidas adotadas como desencontradas. Os periódicos são unânimes em criticar Lula e seus ministros por apresentarem agendas conflitantes. Os textos também pressionaram Lula a demitir o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
O segundo tema foi a discussão sobre o Orçamento. Os textos continuam defendendo a proposta de Simone Tebet (Planejamento) e de Fernando Haddad (Fazenda) para desindexar gastos do Orçamento com saúde e educação. Os jornais criticam o posicionamento contrário de Lula e do PT sobre a proposta, com o argumento que a medida é comum em países desenvolvidos.
Finalmente, o terceiro assunto foi novamente a difícil relação entre Executivo e Legislativo. As publicações repetiram o discurso sobre as derrotas do governo, acrescentando que falta autocrítica ao governo e a Lula, para admitir seus erros na articulação com o Congresso.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a imprensa elevou o tom crítico ao Governo Federal, com muitos textos negativos em quase todas os formatos analisados. O Globo e o Estadão priorizaram as abordagens desfavoráveis nas chamadas de capa, colunas e editoriais. Já a Folha produziu dez chamadas negativas essa semana, acompanhado por um número significativo de colunas e artigos de opinião da mesma natureza. No geral, além do massacre sofrido nos editoriais dos três jornais, o governo foi alvo da alta negatividade dos colunistas de O Globo e do Estado, o que mais uma vez mostra como esses jornais sempre preservam um estoque de contratados dispostos a seguir fielmente a linha dos editores.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
O mês de junho se inicia com a Folha como o jornal com o IV mais negativo da cobertura de Lula, com IV de – 2,31. O Estadão vem em segundo, com um IV de – 2,25, enquanto o IV do Globo foi – 1,64. O IV total de junho até o momento é – 2,09. O mês está se encaminhando para ser o segundo mais negativo da cobertura de Lula em seu terceiro mandato.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Esta semana, o Estadão chegou próximo de publicar uma média de dois editoriais contra Lula por dia: dos 14 textos publicados, 12 seguiram esta linha. Já a Folha dividiu suas críticas ao presidente entre chamadas e editoriais. Finalmente, no Globo, os destaques desfavoráveis foram as chamadas e colunas.
Em resumo, a grande imprensa brasileira volta a tratar o presidente petista e seu governo de forma fortemente desfavorável, se comportando como agentes da oposição. Para fazer isso, sacrificam o pluralismo interno[4], pois não dão espaço a opiniões diferentes daquelas defendidas por seus editoriais. Infelizmente, para a democracia brasileira, os três maiores jornais do país não demonstram qualquer pluralismo externa[5], pois se comportam de maneira muito semelhante em relação aos diferentes temas, sempre demonstrando alto grau de politização. Dessa maneira, o processo de formação de opinião de seu público e o debate público em geral são prejudicados.
[4] O pluralismo interno é quando meio de comunicação se esforça para apresentar aos leitores opiniões diversas sobre os temas em debate.
[5] O pluralismo externo é quando diferentes meios de comunicação expressam diferentes pontos de vista sobre temas candentes do debate público, em um determinado ecossistema midiático.
Para baixar o nosso relatório, clique aqui.
DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Produção:
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.