O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 85 – 07 a 15 de Dezembro de 2024

No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram avaliados 108 textos.


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais crítico ao governo, com um Índice de Valência (IV) consistentemente negativo. A Folha, por sua vez, domina o ranking de textos desfavoráveis a Lula.

Economia: O pacote fiscal não foi bem recebido pelos jornais, com sugestões ao Congresso para corrigir a proposta.

Emendas: Os textos ressaltam a ação de Lira para travar a pauta do governo no Congresso e pressionar a liberação das emendas. As publicações atacam o governo por garantir a execução dos recursos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

O mês de dezembro continua com o Estadão como o mais desfavorável, com IV[1] de – 1,04, seguido pela Folha, com – 0,77, e pelo Globo, com – 0,73. O IV de dezembro até o momento é de – 0,84.


[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a discussão sobre política fiscal continua como tema central na cobertura sobre o governo federal. O foco está agora na pressão para alterações no BPC (Benefício de Prestação Continuada) — benefício que paga um salário-mínimo ao idoso ou à pessoa com deficiência de baixa renda. Os jornais destacam as críticas do próprio PT às propostas de “mudanças tecnocráticas”, alertando elas poderiam aliviar a resistência ao ajuste fiscal. A avaliação da imprensa é de que o pacote fiscal ainda não é suficiente, por isso sugere que o Congresso faça correções de rumo no corte de gastos.

O segundo assunto mais abordado foi o próprio governo federal. A troca na comunicação do governo e a ausência de Lula em articulações chave com o Congresso, como a aprovação da reforma tributária, estão no centro do debate.

Finalmente, as emendas parlamentares também foram alvo de reportagens. As publicações criticam o governo federal por liberar os recursos, apesar de destacarem que a decisão foi reflexo de medidas de Arthur Lira para travar a pauta do Congresso e atrapalhar votações de interesse do Executivo. A pressão parlamentar para garantir o pagamento de emendas, fora das regras previstas pelo Judiciário, também é alvo de críticas.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa manteve seu tom desfavorável. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo, especialmente nos editoriais — foram oito, no total. A Folha priorizou também os editoriais negativos, com seis edições. Finalmente, o Globo trouxe como destaque desfavorável em chamadas e colunas, com cinco textos de cada um.

[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em dezembro, a Folha se posiciona como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -0,87, seguido pelo Estadão, com – 0,66, e o Globo, com -0,33. O IV total de dezembro até o momento é de – 0,62.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com cinco textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em chamadas, com três publicações negativas. Na Folha, os editoriais concentraram as sete menções contrárias ao presidente.   

Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa, com destaque para o Estadão, na cobertura sobre o governo, e para a Folha, na cobertura sobre o presidente Lula.

As três publicações priorizam a discussão sobre a economia e os desdobramentos da proposta de pacote fiscal, destacando a ausência de Lula nas negociações e a pressão de Lira para garantir o pagamento das emendas antes das votações de interesse do Executivo. Para os jornais, o governo falha em liberar os recursos, e o Congresso erra ao travar a pauta. Os jornais também destacam a possibilidade de mudança na comunicação do governo.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Apoio:

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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